- Ontem foi apresentado, no CESEDEN, o livro «Situação e tendências na utilização da Inteligência Artificial no setor da Defesa», um estudo promovido pelo Fórum de Empresas Inovadoras (FEI) e pelo Grupo Amper, com a colaboração do Ministério da Defesa, da Universidade Politécnica de Madrid (UPM) e do CESEDEN (Centro Superior de Estudos de Defesa Nacional), alerta para a dependência de hardware e software não europeus e propõe um roteiro com horizonte em 2030.
Madrid, 1 de outubro de 2025 — A corrida global pelo domínio da Inteligência Artificial (IA) entrou em pleno no setor da Defesa. Isso foi confirmado ontem, no Centro Superior de Estudos de Defesa Nacional (CESEDEN), com a apresentação do livro «Situação e tendências no uso da Inteligência Artificial no setor da Defesa», um trabalho aprofundado impulsionado pelo Fórum de Empresas Inovadoras (FEI) e pelo Grupo Amper.
O evento, que reuniu líderes militares, académicos e empresariais, serviu para expor as conclusões do relatório. A mensagem central é clara: a União Europeia enfrenta um desafio «urgente e profundo» para não ficar para trás na adoção da IA nas suas Forças Armadas, um fator essencial para a segurança e a defesa comuns.
A importância do evento ficou marcada pela intervenção do Almirante-General D. Teodoro López Calderón, Chefe do Estado-Maior da Defesa (JEMAD), destacando o papel central da IA para a segurança e defesa comuns.
A abertura foi liderada pelo Tenente-General Miguel Ballenilla (Diretor do CESEDEN), Pedro Morenés (Presidente do Grupo Amper) e Carmen Vela (Presidente do FEI). Gonzalo León (Professor Emérito da UPM e membro do Comité Executivo do Fórum de Empresas Inovadoras), coordenador do grupo de trabalho responsável pelo estudo, fez a apresentação geral do relatório, detalhando como a IA está a impulsionar uma transição inevitável para o «campo de batalha inteligente», no qual a inteligência artificial assume um papel protagonista. O encerramento institucional ficou a cargo de Teresa Riesgo, Secretária-Geral de Inovação do Ministério da Ciência, Inovação e Universidades.
Conclusões críticas: dependência e desafios
O relatório sublinha que a IA é uma tecnologia «facilitadora de caráter dual». No entanto, a posição inicial da Europa é fraca:
Dependência em hardware: Existe uma forte dependência de fornecedores não europeus, especialmente para componentes como as GPUs (Unidades de Processamento Gráfico) necessárias para treinar modelos de IA. Esta dependência é um gargalo crítico e uma vulnerabilidade geopolítica.
Dependência de software: A liderança no desenvolvimento e uso da IA com influência global na economia dos países ocidentais continua nas mãos dos Estados Unidos.
Ecossistema espanhol: A indústria de defesa espanhola está incorporando a IA de forma acelerada, incorporada em sistemas de armas, plataformas de tomada de decisão e equipamentos militares com crescentes desenvolvimentos nacionais.
Proposta: O «cenário realista»
O estudo projeta um «cenário realista» para 2030, em que a UE seria uma potência relevante em IA para a defesa, mas sem atingir a autossuficiência total. Para o conseguir, o
relatório traça um roteiro com dez recomendações-chave, entre as quais:
- Priorizar a IA na I&D e na contratação militar com uma visão de dupla utilização.
- Criar urgentemente um quadro regulamentar comum para a IA na defesa, alinhado com os princípios europeus.
- Ampliar a Lei Europeia dos Chips para incluir especificamente o desenvolvimento de chips de IA para a defesa.
- Lançar uma Aceleradora Europeia de Defesa para startups disruptivas de IA.
(as dez recomendações completas, no relatório)
O Grupo de Trabalho e a Visão do Futuro
O colóquio sobre as «Perspetivas da IA na Defesa» foi o culminar do trabalho de um grupo multidisciplinar de alto nível coordenado por Gonzalo León e composto pela professora da UPM Asunción Gómez-Pérez, pelo professor da UPM Juan Carlos Dueñas, por Juan Bosco Morales de los Ríos (CTO Grupo Amper), por Luis Fernando Álvarez-Gascón (membro da FEI e CEO da Secure eSolutions GMV), Txema Báez Cristóbal (membro da FEI e NOVADAYS), Luis Guerra (membro da FEI e presidente da Plataforma Aeroespacial Espanhola, diretor-geral de Mercados, Produtos e Serviços e Marketing do Grupo Oesia), José María Insenser Farré (membro da FEI e AMETIC IPCEI Chip), David Ramírez Morán (Analista Principal IEEE-CESEDEN do Ministério da Defesa), Ángel Gómez de Agreda Coronel do Exército do Ar e do Espaço (R) e Diretor Regional do Médio Oriente da EUROPAVIA) e Luis Vázquez Martínez (membro da FEI e Professor Emérito da UCM), todos eles representando instituições académicas e empresas líderes no setor da tecnologia e da defesa.
Também colaboraram como convidados do Grupo de Trabalho: General de Divisão do Exército de Terra, Chefe do Estado-Maior dos Sistemas de Informação, Telecomunicações e Assistência Técnica (JCISAT), Guillermo Ramírez Altozano, o General de Brigada (R) Roberto Villanueva Barrios (antigo Chefe do Estado-Maior do Comando Conjunto de Ciberdefesa, responsável pela Chefia de Cibersegurança do CESTIC e presidente do Grupo de Trabalho do Comité Militar da UE) e o General de Divisão do Exército do Ar e do Espaço (R), Juan A. Moliner González (Vice-presidente da ACAMI).
A conclusão destes especialistas foi unânime: para que o «cenário realista» se concretize em 2030, a UE deve romper com a fragmentação nacional, garantir recursos coordenados a longo prazo e exercer uma forte vontade política. O objetivo não é apenas atingir o nível máximo possível no desenvolvimento e uso da inteligência artificial no âmbito da defesa, mas garantir que esta seja desenvolvida sob os princípios e valores éticos europeus num contexto de uso militar responsável.
Consulte o relatório completo e faça o download gratuito em formato digital: IA na Defesa